terça-feira, 8 de abril de 2008

A Velha da Rua




Nas ruas tristes da cidade
Sem nome, sem cara, sem idade
A vejo caída, sem graça, desnuda
É chamada ‘A Velha da Rua’

Come do lixo, dalguma podre sobra
Não vale nada, pois nada cobra
‘Sai do meio – lhe gritam – vagabunda’
‘Esse tipo de ‘merda’ aqui abunda’

Sou eu como esse nojento néscio
Estará meu coração emacio
Onde o mundo já não me importa
Preferindo ver a Velha morta?

Lá está a ‘Velha da Rua’, só e sem vida
Há três dias jaz, a carne fedida
Sem nenhuma lágrima derramada
Sem tumba, sem dores, sem nada

Abunda




Em nosso Brasil a bunda abunda
(Por favor perdoem a redundância)
Como Bananinha ou Melancia
São as antigas famosas ‘Raimunda’

Na televisão isso nos inunda
A cultura nos grita repugnância
Matando a inocente infância
Com uma idiotice rotunda

Que foi feita da gozosa leitura
Na qual nos deleitava a doçura
Do viajar na prosa e no verso?

Hoje o mundo está a inverso
Estando na escuridão imerso
Numa ignorância crua e dura